quarta-feira, setembro 30, 2015

No princípio era o Hidrogénio



O hidrogénio é o elemento mais simples. Todos os outros elementos resultaram, em última análise, do hidrogénio por via da fusão nuclear que ocorre no interior das estrelas. Uma estrela é uma espécie de reator nuclear criado pela sua própria gravidade...Depois de terem convertido a maior parte do hidrogénio em hélio, promovem a fusão dos restantes, formando elementos mais pesados como o Carbono, o Oxigénio, o Azoto e por aí adiante até ao Ferro.

A certa altura, devido às novas camadas que se vão formando e acumulando, a estrela acaba por colapsar podendo mesmo explodir. Deste modo dissemina os elementos formados pelo universo circundante... Com exceção do hidrogénio e de uma parte do hélio, todos os outros elementos (mesmo aqueles que formam as nossas moléculas) tiveram origem dentro de estrelas...Carl Sagan tinha razão quando referiu que éramos pó das estrelas

O Carbono é um dos elementos mais abundantes no universo. A vida, tal como a conhecemos , reside na capacidade deste elemento se ligar consigo próprio e com grande número de outros elementos (Oxigénio, Hidrogénio, Azoto, Fósforo, Flúor...). Nas estrelas velhas, empobrecidas em hidrogénio, o carbono forma cadeias extensas, originando PAHs (cadeias carbonatadas, onde alguns átomos de carbono são substituídos por outros elementos como o azoto ou o oxigénio).

Os PAHs quando sujeitos a radiações UV, transformam-se em moléculas orgânicas significativas – ésteres, álcoois e quinonas. As quinonas como têm capacidade de transportar eletrões, terão tido um papel precioso na Terra primitiva, pois permitiram converter a luz solar em energia química durante a fotossíntese, o que terá permitido posteriormente o aparecimento da camada de ozono e a evolução da vida em terra a partir dos oceanos.

Com tanta abundância de PAHs não será de surpreender a existência de tantas moléculas orgânicas e destas até ao aparecimento de vida terá sido “um passo”. E que átomos “escolheu” a vida? Elementar – depois de uma leitura rápida da tabela periódica poderá concluir-se que “optou” pelos mais abundantes (C, N, O, H, P, Na, Ca...) e com diferente eletronegatividade. Na verdade a vida é “Física”, até mais do que “Química”. Daí ser necessário saber descer da Biologia até à Química e desta até à Física para a compreendermos... MAS com cuidado, para não cairmos no logro para que nos alertou o Húngaro e prémio nobel da Medicina Albert Szent-Gyogyi:



“Com curiosidade em conhecer o segredo da vida, comecei as minhas pesquisas na histologia. Insatisfeito com as informações que a morfologia celular me dava da vida, virei-me para a fisiologia. Considerando a fisiologia demasiado complexa, dediquei-me à farmacologia. Encontrando ainda a situação demasiado complicada, virei-me para a bacteriologia. Mas a bactéria é mesmo muito complexa, por isso, desci ao nível molecular, estudando química e química-física. Depois de muitos anos de trabalho, cheguei à conclusão de que para compreendermos a vida temos de descer ao nível electrónico e ao mundo das mecânicas. Mas os electrões são apenas electrões e não têm vida; É evidente que no percurso perdemos a vida; fugiu-nos por entre os dedos.”


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