O
neocórtex é a camada relativamente fina (6 mm) que envolve o núcleo
interior do ancestral cérebro reptiliano que todos os vertebrados
partilham. Existe uma relação entre o tamanho dos grupos sociais e o
volume do neocórtex nos primatas - tal sugere que têm sido as pressões
sociais a "potenciar" a evolução sempre crescente do cérebro. De acordo
com Robin Dunbar, psicólogo evolucionista, o tamanho normal dos grupos
nos humanos é cerca de 150 indivíduos: este é o número de pessoas que
conhecemos pessoalmente e com quem temos algum tipo de relacionamento
significativo. Os chimpanzés vivem em comunidades com um número médio de
50 a 55 indivíduos - o seu neocórtex é consequentemente menor, o que os
impede de viverem em grupos maiores. Sempre que o seu número aumenta,
alguns elementos abandonam o grupo. Podemos concluir que quanto mais
desenvolvido for o neocórtex das espécies, maiores serão os grupos em
que conseguem movimentar-se e conviver. Afinal somos todos irmãos...
mas, "por enquanto", só até grupos de 150 indivíduos.
O
ato de catar é, então, a forma que os nossos parentes não humanos
possuem para se unir em grupo. Quanto maior for o agrupamento, mais
tempo tem de ser despendido para os seus elementos se catarem entre eles
. Há uma relação direta entre o tempo despendido a catar e a dimensão
dos grupos sociais nos primatas, bem como o grau de desenvolvimento do
seu neocórtex cerebral.
É
o sorriso e o riso que cumprem no Homem a função desempenhada pelo ato
de catar nos símios, preparando o bem estar que é necessário para a
linguagem entrar depois em acção. A Linguagem terá surgido há cerca de
500 mil anos. No início seria muito primitiva, mas ter-se-há
desenvolvido aos poucos, substituindo o ato de catar quando este se
mostrou insuficiente para juntar grupos cada vez maiores; para já a
fasquia está nos 150 indivíduos...Ainda deve demorar a chegar aos 7 biliões, digo eu...
Adaptado A História do Homem de Robin Dunbar e A educação dos Genes de Luís Bigotte de Almeida
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