O primeiro cientista a propor que se consagrasse a dúvida como virtude fundamental do espírito que procura o conhecimento, esclareceu que ela era um instrumento e não um fim em si próprio. René descartes escreveu:
"Não
imitei os cépticos que duvidam por duvidar e pretendem estar
permanentemente indecisos; pelo contrário, a minha intenção foi chegar a
uma certeza e escavar na areia e nos detritos até chegar à rocha ou ao
barro."
Os
defensores da superstição e da pseudociência são seres humanos com
sentimentos reais, que, tal como os céticos, tentam compreender como
funciona o mundo. Antes de reagirmos contra o misticismo e a superstição,
devemos usar uma análise de custos-benefícios. Se demonstramos muito
ceticismo, podemos incentivar o azedume, sempre pouco produtivo. Mas se
manifestarmos demasiado consentimento, ou silêncio, estamos a passar a
ideia de que o ceticismo é indelicado, a ciência aborrecida e o
pensamento racional e rigoroso é inadequado...Não
é fácil, mas o mais prudente será procurar o equilíbrio entre estes
dois pontos. Devemos presumir que a cultura não lhes forneceu todos os
instrumentos para encetar o grandioso caminho do conhecimento.
Mitiguemos, assim, as nossas críticas com simpatia.
Adaptado de Um mundo infestado de demónios, Carl Sagan
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