O aumento da violência nas escolas reflecte crise de autoridade familiar. Especialistas em educação reunidos em 2006, na cidade espanhola de Valência defenderam que o aumento da violência escolar deve-se, em parte, a uma crise de autoridade familiar, pelo facto de os pais renunciarem a impor disciplina aos filhos, remetendo essa responsabilidade para os professores.
Os participantes no encontro 'Família e Escola: um espaço de
convivência', dedicado a analisar a importância da família como agente
educativo, consideram que é necessário evitar que todo o peso da
autoridade sobre os menores recaia nas escolas.
As crianças não encontram em casa a figura de autoridade,
que é um elemento fundamental para o seu crescimento, disse o filósofo
Fernando Savater. 'As famílias não são o que eram antes e hoje o único
meio com que muitas crianças contactam é a televisão, que está sempre em
casa', sublinhou.
Para Savater, os pais continuam 'a não querer assumir qualquer autoridade', preferindo que o pouco tempo que passam com os filhos 'seja alegre' e sem conflitos e empurrando o papel de disciplinador quase exclusivamente para os professores.
No entanto, e quando os professores tentam exercer esse papel disciplinador, 'são
os próprios pais e mães que não exerceram essa autoridade sobre os
filhos que tentam exercê-la sobre os professores, confrontando-os', acusa.. 'O abandono da sua responsabilidade retira aos pais a possibilidade de protestar e exigir depois. Quem não começa por tentar defender a harmonia no seu ambiente, não tem razão para depois se ir queixar', sublinha.
Há
professores que são 'vítimas nas mãos dos alunos'. Savater acusa
igualmente as famílias de pensarem que 'ao pagar uma escola' deixa de
ser necessário impor responsabilidade, alertando para a situação de
muitos professores que estão 'psicologicamente esgotados' e que se
transformam 'em autênticas vítimas nas mãos dos alunos'.
A
liberdade, afirma, 'exige uma componente de disciplina' que obriga a
que os docentes não estejam desamparados e sem apoio, nomeadamente das
famílias e da sociedade. 'A boa educação é
cara, mas a má educação é muito mais cara', afirma, recomendando aos
pais que transmitam aos seus filhos a importância da escola e a
importância que é receber uma educação, 'uma oportunidade e um
privilégio'. 'Em algum momento das suas vidas, as crianças vão
confrontar-se com a disciplina', frisa Fernando
Savater.
Em conversa com jornalistas, o filósofo explicou que é essencial perceber que as crianças não são hoje mais violentas ou mais indisciplinadas do que antes; o problema é que 'têm menos respeito pela autoridade dos mais velhos'.
Em conversa com jornalistas, o filósofo explicou que é essencial perceber que as crianças não são hoje mais violentas ou mais indisciplinadas do que antes; o problema é que 'têm menos respeito pela autoridade dos mais velhos'.
Deixaram
de ver os adultos como fontes de experiência e de ensinamento para os
passarem a ver como uma fonte de incómodo. Isso leva-os à rebeldia',
afirmou. Daí que, mais do que reformas dos códigos legislativos ou das
normas em vigor, é essencial envolver toda a sociedade, admitindo
Savater que 'mais vale dar uma palmada, no momento certo' do que permitir as situações que depois se criam.
Como alternativa à palmada, o filósofo recomenda a supressão de privilégios e o alargamento dos deveres.
Será que o vigilante que faleceu (em 30/01/2013 na EB 2/3 Óscar Lopes, em Matosinhos) a tentar acalmar um aluno violento, concordaria com o aqui exposto? Nunca o saberemos - já não lhe podemos perguntar...
3 comentários:
semeia hoje...
Totalmente de acordo Rui! A sementeira da socialização primária está a ser mal feita...
Abraço
Enviar um comentário