domingo, maio 15, 2016

do Embuste

As pessoas que compram quadros preocupam-se com a sua proveniência, "saltando" de dono em dono, até ao artista original...Quando não se consegue acompanhar essa viagem, surgem os sinais de aviso de falsificação. Embustes surgem em todas as áreas.
Um dos melhores exemplos é a "Doação de Constantino". Constantino - o Grande, o imperador  que fez do cristianismo a religião oficial e morreu no ano de 337. No séc. IX surgiram de súbito em escritos cristãos referências a uma Doação de Constantino, na qual o imperador deixa ao Papa Silvestre I, seu contemporâneo, todo o Império Romano do Ocidente, incluindo Roma. Era a dádiva do Imperador por o Papa o ter curado da lepra. Durante toda a Idade Média a Doação de Constantino foi considerada genuína, e os papas usavam-na para justificar a sua pretensão e soberania sobre toda a Itália Central.
Lorenzo de Valla defendia que a Doação era um embuste...foi declarado herético e só a intervenção do Rei de Nápoles impediu que fosse parar à fogueira. Sem se deixar desencorajar, publicou em 1440 um tratado a demonstrar que a Doação de Constantino era uma falsificação. A linguagem com que fora escrita estava para o latim erudito do séc. IV, como o Cockney para o Inglês do Rei. Hoje pensa-se que esta obra (que tem uma lacuna de cinco séculos) terá sido forjada por alturas da época de Carlos Magno, quando o papado (Papa Adriano I) de debatia com a unificação da Igreja e do Estado.

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