sexta-feira, novembro 06, 2015

A meiose e o sexo



Um dos maiores quebra-cabeças para os biólogos tem sido o de explicar o porquê do sexo; no fim de contas, há exemplos à nossa volta de espécies que desistiram do sexo e se estão a dar muito bem; dito de outra forma, qual o motivo do sexo se a reprodução assexuada produz mais descendentes e não tem que acarretar com a entropia da produção de machos! Pensa-se que uma das vantagens é a de que uma população sexuada evolui mais rapidamente e acumula menos mutações deletérias (devido à variabilidade na descendência). Uma fêmea partenogénica é como alguém que compra 100 bilhetes da lotaria e descobre que têm todos o mesmo número. Seria melhor, à semelhança de uma fêmea sexuada, comprar apenas dois ou três bilhetes mas com números diferentes. Logo, o sexo produz variabilidade e "beneficia" as espécies para a lotaria da selecção natural... As espécies que abandonaram o sexo, não estão cá para contar a história (bastou para tal que tenham mudado as condições ambientais, por exemplo)!
A meiose está na base do sexo; é um fenómeno relativamente simples, mas compreendido com alguma dificuldade; penso que tal poderá ser ultrapassado com um exemplo clarificador que encontrei no livro "As origens da vida" de Maynard Smith e Eors Szathmáry da Editora Gradiva. Imaginemos uma turma com dois Antónios, dois Carlos, dois Fernandos e assim por diante. Para organizar um jogo queríamos duas equipas, mas cada uma não poderia ter alunos com o mesmo nome.

Opção 1 - poderíamos criar uma lista das duas equipas indicando os apelidos dos alunos e pedir aos mesmos que se juntassem de acordo com elas;

Opção 2 (mais eficaz) - pedir a cada aluno que encontre o seu parceiro (com o mesmo nome) e que depois se separem, indo cada elemento para equipas opostas. Ora isto é o que acontece na meiose - o emparelhamento com o seu parceiro (homólogo) na placa equatorial, o que permite o crossing-over e a separação de seguida para pólos opostos da célula.

Nota: Muitos organismos são estéreis porque os cromossomas dos seus progenitores são demasiados diferentes para poderem emparelhar e depois originarem gâmetas viáveis.

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