Prometeu
é a palavra grega para "previsão", a qualidade que se afirma estar
situada nos lobos frontais do neocórtex; tanto a previsão como a
ansiedade fazem parte do carácter desta personagem de Ésquilo. Os
pacientes submetidos a lobotomias pré-frontais são descritos como tendo
perdido um "sentido contínuo do eu", isto é, o sentimento de que sou um
indivíduo particular com um certo controlo sobre a minha vida e as
circunstâncias a ela ligadas, a "eu-za" do eu, a singularidade do
indivíduo.
Adaptado de Os dragões do éden, Carl Sagan
Prometeu (irmão de Epimeteu), punido por Zeus por ter dado aos homens o fogo sagrado (do conhecimento, do "eu" ou da "luz"), é acorrentado ao monte Cáucaso, onde uma águia lhe devora diariamente o fígado (castigo divino). Não pede clemência, nem clama por misericórdia, antes desafia a cólera do Olimpo na certeza da sua imortalidade. Sabe que a sua ação foi heróica e justa e que um dia virá aquele que irá tirá-lo do seu suplício. Os deuses envelhecerão e nada deles permanecerá a não ser a lembrança de seu poderio (nada é eterno, nem mesmo os deuses). As torturas não o abalam e grita confiante: que Zeus, usando seu invencível poder, precipite meu corpo nos abismos do Tártaro; faça ele o que fizer, Eu hei -de viver! Zeus envia, também, Pandora, a primeira mulher mortal (forjada por Hefesto a partir do barro) para viver com os Homens. Trazia com ela uma caixa, mas estava proibida de a abrir independentemente das circunstâncias...certo dia não resistiu á curiosidade e, ao abri-la, libertou todos os males (pecados) que há no mundo...apenas ficou dentro dela a esperança.
O
mito pode ser interpretado como uma metáfora da vida. Somos seres
uniduais, metade Prometeu, metade Epimeteu. Metade razão e outra metade
desrazão. Negar
um lado de si é negar-se o todo e quem se nega não vive. Assumir o
contrário de si que o constitui é abraçar-se e viver em plenitude.
Representa, também, a luta constante do "profano" (conhecimento) contra o sagrado (desconhecido) na tentativa do Homem se enquadrar no Cosmos e compreender os dramas da sua existência...
Representa, também, a luta constante do "profano" (conhecimento) contra o sagrado (desconhecido) na tentativa do Homem se enquadrar no Cosmos e compreender os dramas da sua existência...
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