terça-feira, setembro 28, 2010

Evolução? O nervo laríngeo da girafa explica...

Este nervo resulta da ramificação de um nervo craniano que provém directamente do cérebro em vez da espinal medula. O nervo craniano, o vago, tem vários ramos, 2 dos quais dirigem-se ao coração e 2 laterais à laringe. Em ambos os lados do pescoço, um dos ramos do nervo laríngeo dirige-se à laringe, seguindo um percurso directo tal como seria escolhido por um projectista. O outro dirige-se à laringe mas realiza um desvio surpreendente. Mergulha no tórax, circunda uma das principais artérias que sai do coração e depois regressa ao pescoço para terminar a viagem. Enquanto resultado de um projecto, este nervo seria um disparate. Do ponto de vista de evolutivo faz todo o sentido, mas para o compreender temos, precisamos de recuar ao tempo em que os nossos antepassados eram peixes. Os embriões humanos com cinco semanas assemelham-se a peixes com brânquias.
Num embrião humano com vinte e seis dias veremos que o abastecimento sanguíneo às "brânquias" se assemelha fortemente ao abastecimento sanguíneo às brânquias de um peixe. Estas ramificações procuram os seus órgãos-alvo, as brânquias, pelo caminho mais directo e lógico. Durante a evolução dos mamíferos, contudo, o pescoço cresceu (os peixes não o têm) e as brânquias desapareceram, transformando-se na tiróide, paratiróide e laringe. Estes órgãos herdaram o abastecimento que outrora servia as brânquias.
Durante a evolução dos mamíferos os nervos e vasos sanguíneos foram puxados e esticados em direcções diversas. No tubarão esse nervo laríngeo não apresenta desvio, já na girafa (que melhor exemplo se poderia arranjar para esta situação?!), este nervo tem um desvio de 4 metros. Na sua jornada descendente, o nervo passa perto da laringe, que é o seu destino final.
Todavia continua para baixo, percorrendo todo o pescoço antes de inverter o sentido e fazer o caminho de volta até esta. Isto exemplifica na perfeição como os seres vivos estão longe de terem sido bem projectados e refuta consistentemente a ideia de um projectista.
Adaptado de O espectáculo da vida, Richard Dawkins

2 comentários:

João disse...

Caro Lourenço:

Muito fixe esta sequencia de posts inspirados no espectaculo da vida.

So tenho pena que não tenhas posto uma etiqueta para mais tarde se poder sacar todos de uma vez.

Um abraço

José Lourenço disse...

Viva, João.

Agradeço o comentário. Com a disponibilidade possível poderei adicionar essa funcionalidade.

Saudações