Qualquer célula, salvo raras excepções, como os glóbulos vermelhos do sangue, que carecem de núcleo, contém os genes para a sínteses de todas as enzimas. Porém, em qualquer célula, só alguns genes estão ligados num dado momento. Assim, todo o desenvolvimento embrionário é controlado pela sequência de genes activos num determinado momento. O facto de um gene estar activo ou inactivo é determinado, amiúde, através de uma cascata de genes - genes interruptores ou controladores. As células do fígado são diferentes das musculares, ainda que os seus genes sejam os mesmos, simplesmente os que estão activos no fígado não são os mesmos que estão activos nos músculos. Podemos então afirmar que a diferenciação que leva do ovo ou zigoto ao indivíduo adulto, não é nada mais do que uma activação diferencial do genoma. Esta activação diferencial é regida por regras locais implementadas por ordens químicas locais. Ninguém lendo a sequência de ADN de um óvulo fecundado pode prever a forma do animal a que conduzirá. A única maneira de o descobrir é esperar que o ovo se desenvolva e observar naquilo em que se transforma.
Adaptado de O espectáculo da vida, Richard Dawkins
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