quarta-feira, abril 01, 2009

Nova História do Homem

O livro de Pascal Picq aborda uma série de descobertas perturbantes e vem por em causa muito do que se julgava definido sobre a nossa humanidade! Fiquemos com um pequeno excerto da obra (Círculo de Leitores, págs 72 e 73):
...por outras palavras, a dicotomia do bem e do mal. Quando de modo inquisitorial, os defensores da dignidade do Homem, do alto da sua majestade, acusam os outros de não acreditar no Homem, de o negar e difamar. Será caluniar, não dizendo mas mostrando o que somos, desde os nossos genes, passando pela anatomia, pela fisiologia e mesmo pelas nossas capacidades cognitivas? Será blasfemar reconstituir como todas estas características se reencontram nos diversos nós da grande árvore da vida, sem negar a especificdade do Homem?
De um lado, os detentores do poder de atormentar os outros, afastando o animal-objecto de todos os exercícios de conhecimento e arrogando-se o direito de exigir aos outros que se expliquem, baseados nas suas certezas empedernidas de ignorâncias mantidas, aplicam a excomunhão, lançando a acusação infame de antropomorfismo. E os mesmos - aqueles que dissociam o Homem do animal - convocam o animal no Homem, quando este se entrega aos piores ataques a outros homens, que aliás foram animalizados para melhor serem excluídos ou exterminados. Se o Homem é livre e responsável, e não um animal, porque representar o animal como o diabo para explicar os seus erros mais desumanos?
Como é que uma atitude tão arcaica pode perdurar no mundo dos pensadores, mais de duzentos anos passados sobre o Século das Luzes?

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