
2. Discernir as informações chave, tendo claros os princípios do conhecimento pertinente: Os estudantes têm que saber escolher os pontos chave dentro da abundância atual de informação. É preciso escolher o prioritário e analisar os contextos dos problemas e das informações. O que antigamente, utilizando uma bela metáfora, entendíamos como “saber tirar a agulha do palheiro”. Existe um problema capital, sempre ignorado, que é o da necessidade de promover o conhecimento capaz de apreender problemas globais e fundamentais para neles inserir os conhecimentos parciais ou locais. A supremacia do conhecimento, fragmentado de acordo com as disciplinas, impede frequentemente de operar o vínculo entre as partes e a totalidade, e deve ser substituída por um modo de conhecimento capaz de apreender os objetos no seu contexto, na sua complexidade e no seu conjunto. É preciso ensinar os métodos que permitam estabelecer as relações mútuas e as influências recíprocas entre as partes e o todo. O que pode fazer-se baseando-se sempre no método científico de pesquisa, nas relações causa - efeito e no uso nas aulas do método didático integral da globalização e interdisciplinar.
3. Ensinar a condição humana: Reconhecer a nossa humanidade comum em que vivemos. E, ao mesmo tempo, a diversidade da nossa condição humana. A humanidade é una e diversa. Compreender que o “humano” é sempre físico, biológico, psicológico, social e cultural, e essa unidade complexa da natureza humana é totalmente “desintegrada”, não entendida, porque foi artificialmente dividida ou desligada, na educação atual, pelas várias disciplinas. Tomando isto como base, devem levar-se os estudantes a compreender a unidade e a complexidade do ser humano. Utilizando a Didáctica interdisciplinar.
4.Ensinar a identidade terrena: A revolução tecnológica permitiu voltar a unir o que antes sempre esteve disperso. A pátria comum é a Terra, por isso temos que lograr um sentimento de pertença à mesma, embora existam diferenças essenciais. É necessário ensinar aos jovens alunos a história da era planetária, iniciada com as navegações portuguesas, seguidas das castelhanas, francesas, inglesas e holandesas, que puseram em comunicação todos os continentes a partir do século XVI. Para o bem e para o mal, o mundo interligou-se. A problemática atual é planetária, porque todos os seres humanos têm problemas e um destino comum.
5.Enfrentar as incertezas: O século XX derrubou a preditividade do futuro. Caíram impérios que pensavam perpetuar-se. A educação deve ir unida à incerteza e às reações e ações impredizíveis. Temos que ensinar aos estudantes a estratégia que leve a pensar o imprevisto, pensar a incerteza, intervir no futuro através do presente, com as informações obtidas no tempo e a tempo. É preciso aprender a navegar num oceano de incertezas. O futuro é aberto e incerto, mas temos dados para, pelo menos, tentar minorar as dificuldades.
6. Ensinar a compreensão: Devemos melhorar a nossa compreensão dos demais, o respeito pelas ideias dos outros e os seus modelos de vida, sempre e quando não atentem contra a dignidade humana. Há que entender os outros códigos éticos, os ritos e costumes. Não marcar ninguém com uma etiqueta. Evitar o egoísmo e o etnocentrismo. Compreender que a compreensão é meio e fim da comunicação humana mas, infelizmente, a educação para a compreensão não se faz em quase nenhum lugar. Precisamos de compreensão mútua. Precisamos de estudar a incompreensão, o racismo, a xenofobia, o dogmatismo. Para isso temos que desenvolver em todas as aulas e estabelecimentos de ensino de todos os níveis a “Educação para a Paz e a Não Violência”.
7. A ética do género humano:
Ensinar a verdadeira democracia é um dever ético. Mas também necessita
diversidade e antagonismos: a democracia não consiste numa ditadura da
maioria. Os nossos estudantes têm que compreender a natureza
“trinitária” do ser humano: indivíduo-sociedade-espécie. A ética
indivíduo-espécie consiste no controlo da sociedade pelo indivíduo e do
indivíduo pela sociedade, por meio de uma democracia autêntica. A ética
indivíduo-espécie implica, no presente século, a construção e efetivação
da cidadania terrestre ou planetária.
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