sábado, abril 22, 2017

Humanidade(s) II - A origem do Homem



Uma vez que somos humanos é impossível não nos focarmos nas nossas origens. Aqui reside o perigo. Os humanos não são o auge da evolução. Tudo aquilo que antes se passou não foi um prelúdio para o aparecimento dos seres humanos, que chegaram, aparentemente, com grande pompa. Convém sermos humildes, pois a evolução não é teológica ou movida por objetivos. Apenas é! Durante o Paleocénico, os mais proximos antepassados dos humanos eram pequenos animais magricelas parecidos com esquilos, de passo rápido e nervoso. Não estávamos em presença  de nenhum sinal de génio latente ou de um futuro ser inteligente (às vezes pouco, digo eu...) dominador do planeta. Esta é uma viagem ao interior de nós próprios. Para entender o que é ser humano, temos de entender a nossa mente. É aí, na nossa capacidade de refletir sobre nós mesmos e sobre o nosso relacionamento com o mundo que parecem residir as diferenças entre nós e o resto dos seres vivos. Os nossos atríbutos físicos e grande parte dos nossos comportamentos não são excecionais.O que nos distingue é a vida mental e a capacidade de imaginar. A nossa história tem sido longa, mas não existiu uma sequência precisa de mudanças que conduziram inexoravelmente dos símios aos humanos com alguma inevitabilidade divina; estamos cá, mas podíamos não estar...Existiu apenas o eterno caos da história evolucionária.
Não existe um ponto na nossa história para o qual possamos apontar com segurança e dizer: "Ah, e aqui tornámo-nos humanos". Talvez fosse melhor ver a nossa história como uma história de crescentes graus de humanidade. Estivessem os neandertais, os erectus e os habilis ainda vivos e o fosso entre nós e os outros grandes símios seria menos evidente. O facto de já não existirem, levou a que exagerássemos a nossa aparente singularidade e tem sido responsável por nos dar uma falsa sensação da nossa própria importância. Isto acaba por resultar na tendência para antromorfizar tudo o que nos rodeia; temos que nos defender contra este estigma quando tentamos compreender o mundo ao nosso redor.
Há cerca de 40 mil anos haveria de surgir na Europa uma subespécie de Homo sapiens, vinda de África tal como a de Neandertal. Deu-se-lhe o nome de Homos sapiens sapiens ou Homem de Cro-Magnon. Por razões pouco claras o Neandertal acabou por se extinguir. Alguns investigadores consideram a sua extinção, quando da chegada à Europa dos Cro-Magnon. Estes já tinham uma crença religiosa que lhes proporcionava a possibilidade de agir em grupos maiores, com mais união e motivação, ao confrontar-se ecologicamente com o primeiro. Desde essa data até aos dias de hoje só existe uma única espécie de Homem, mas entre os dois milhões e os vinte e oito mil anos atrás, deambularam pela Terra entre duas a cinco espécies de seres humanos...
 














Obras consultadas:

A Educação dos genes, Luís Bigotte de Almeida
A História do Homem, Robin Dunbar
Breve história da vida, Michael Benton

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