Uma vez que somos
humanos é impossível não nos focarmos nas nossas origens. Aqui reside o perigo.
Os humanos não são o auge da evolução. Tudo aquilo que antes se passou não foi
um prelúdio para o aparecimento dos seres humanos, que chegaram, aparentemente,
com grande pompa.
Convém
sermos humildes, pois a evolução não é teológica ou movida por objetivos.
Apenas é! Durante o Paleocénico, os mais proximos antepassados dos humanos eram
pequenos animais magricelas parecidos com esquilos, de passo rápido e nervoso.
Não estávamos em presença de nenhum sinal de génio latente ou de um
futuro ser inteligente (às vezes pouco, digo eu...) dominador do planeta. Esta é uma viagem ao interior de nós
próprios. Para entender o que é ser humano, temos de entender a nossa
mente. É aí, na nossa capacidade de refletir sobre nós mesmos e sobre o nosso
relacionamento com o mundo que parecem residir as diferenças entre nós e o
resto dos seres vivos. Os nossos atríbutos físicos e grande parte dos nossos
comportamentos não são excecionais.O que nos distingue é a vida mental e a
capacidade de imaginar. A nossa história tem sido longa, mas não existiu uma
sequência precisa de mudanças que conduziram inexoravelmente dos símios aos
humanos com alguma inevitabilidade divina; estamos cá, mas podíamos não
estar...Existiu apenas o eterno caos da história evolucionária.
Não existe um
ponto na nossa história para o qual possamos apontar com segurança e dizer:
"Ah, e aqui tornámo-nos humanos". Talvez fosse melhor ver a nossa
história como uma história de crescentes graus de humanidade. Estivessem os neandertais,
os erectus e os habilis ainda vivos e o fosso entre nós e os
outros grandes símios seria menos evidente. O facto de já não existirem, levou a que
exagerássemos a nossa aparente singularidade e tem
sido responsável por nos dar uma falsa sensação da nossa própria importância.
Isto acaba por resultar na tendência para antromorfizar tudo o que nos rodeia;
temos que nos defender contra este estigma quando tentamos compreender o mundo
ao nosso redor.
Há cerca de 40 mil
anos haveria de surgir na Europa uma subespécie de Homo sapiens, vinda de
África tal como a de Neandertal. Deu-se-lhe o nome de Homos sapiens sapiens
ou Homem de Cro-Magnon. Por razões pouco claras o Neandertal acabou por se
extinguir. Alguns investigadores consideram a sua extinção, quando da chegada à
Europa dos Cro-Magnon. Estes já tinham uma crença religiosa que lhes
proporcionava a possibilidade de agir em grupos maiores, com mais união e
motivação, ao confrontar-se ecologicamente com o primeiro. Desde essa data até aos
dias de hoje só existe uma única espécie de Homem, mas entre os dois milhões e
os vinte e oito mil anos atrás, deambularam pela Terra entre duas a cinco
espécies de seres humanos...
Obras consultadas:
A Educação dos genes, Luís Bigotte de
Almeida
A História do Homem, Robin Dunbar
Breve história da vida, Michael Benton
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