sábado, novembro 22, 2014

A Matemática e o Comportamento humano

Desde tempos ancestrais que muitos pensadores - Confúcio, Platão, Zaratustra, Séneca, entre outros - se têm dedicado a analisar e estudar o comportamento humano no que toca ao relacionamento com os outros. Em relação ao tão difundido "faz aos outros o que gostarias que te fizessem a ti", o humorista Bernard Show costumava dizer “Nem sempre deves fazer aos outros o que desejas que te façam a ti: eles podem ter gostos diferentes.” Investigações matemáticas (do ramo da teoria dos jogos) concluíram que quase ninguém segue a regra de OURO “faz aos outros o que gostarias que te fizessem a ti”. O próprio Confúcio quando lhe perguntaram o que achava da regra de ouro disse: “Então se pagamos a maldade com a bondade, depois como pagamos a bondade?” 
A regra de PRATA é diferente: “Não faças aos outros o que não gostarias que te fizessem a ti”. Esta regra está por todo o lado. A prática da não agressão defendida por esta corrente foi posta em prática por Gandhi, Mandela, Luther King, entre outros... Acarreta tensões entre a moral, a ética e o que consideramos pragmático. O próprio Gandhi teve dificuldades em conciliar a regra da não-violência com as necessidades de defesa.
Confúcio sugere a regra do BRONZE: “respondei à bondade com bondade, mas à maldade com justiça”. Esta sim, é regra corrente no comportamento humano (e noutros primatas). O presidente americano, Bill Clinton, citou o Alcorão quando mediou os acordos de paz israelo-palestinianos e referiu: “Se o inimigo se inclinar para a paz, inclina-te também tu para a paz”. De cunhagem mais fraca é a regra de FERRO: “faz aos outros o que gostarias que te fizessem a ti". Subrepticiamente esta regra despreza a regra de ouro. Esta é a máxima em especial de muitos que desempenham cargos de poder, manobrando a seu favor...
Há mais DUAS REGRAS que abundam em todo o mundo vivo: uma é “bajula quem está acima de ti e pisa quem está abaixo de ti”. Esta é a regra dos fanfarrões e vigora nas sociedades primatas não humanas. A outra regra é “dá prioridade em todas as coisas aos parentes próximos, aos outros faz como quiseres”… 
Apesar de prática, a regra de bronze tem uma falha fatal: gera uma cadeia de animosidade interminável. Como acontece em muitos países do Médio Oriente! A regra de ferro promove a vantagem de uns quantos cruéis e poderosos contra o interesse de todos os outros. As regras de ouro e prata parecem demasiado complacentes. Deixam sem castigo a crueldade e a exploração. Por outro lado, em muitas atividades diárias não é possível por em prática as regras de ouro e de prata, apenas há lugar para as regras de ferro e de bronze.

Se veneramos a regra de ouro, porque ela é tão rara nos jogos que ensinamos aos nossos filhos (quer na socialização primária, quer na secundária)?

Em que ficamos? Bem, na teoria dos jogos a regra de ouro e de ferro perdem sempre – uma por excesso de bondade e a outra por excesso de impiedade! O mesmo acontece às regras de prata e de bronze. As estratégias que são lentas na retaliação perdem! A teoria dos jogos propõe uma nova regra: “PAGAR NA MESMA MOEDA”. É similar à regra de bronze, mas com uma pequena (grande diferença): começa sempre por cooperar e depois faz aos outros o que te fizeram. Ou seja, no início parte sempre da cooperação e depois penaliza as agressões, mas quando cooperarem contigo, deves cooperar também e esquecer o passado (o que nem sempre é fácil…). Com o passar do tempo, esta regra derrota todas as outras. É como que um meio termo entre a bondade e a crueldade!

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