Passe o pleonasmo, o filme Amour
é sobre o amor, mas não apenas sobre o amor na velhice. O amor também necessita de um
corpo para se expressar e parece-me que a essência do filme andará à volta da
essência do amor condicionado pela mudança do corpo. Dizemos que alguém é novo ou velho olhando para o
corpo. Um corpo jovem é viril e erotizado e com o passar do tempo vai perdendo
esses adjetivos. O ponto talvez mais interessante do filme surge quando a filha
diz ao pai o quanto gostava, quando era jovem, de ouvir os pais a fazerem amor –
era sinal que iriam continuar juntos. Este apaziguamento da filha revela uma
sabedoria que permite fazer uma ligação entre o corpo e a alma... como que uma
transposição do sexo, para algo mais abrangente e completo – o amor. Com o
envelhecimento dos dois actores (e dos seus corpos), poderia pensar-se no fim do amor, por falta desta transposição, mas não. Assiste-se ao desenrolar
do amor de tons mais físicos e erotizados, para tons mais emocionais e platónicos. Vivemos num corpo e é através dele que somos vistos, mas é na “alma” que existimos e é nela
que devemos ser vistos...o amor não foge à regra e será, por isso, eterno...digo eu, que as coisas do amor são pouco racionais!
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