sábado, dezembro 29, 2012

Homem novo vs Homem velho

Mas a História, enquanto disciplina que pretende transmitir uma memória do que nos é ancestral, leva-nos a conhecer o que os outros experimentaram, o que sofreram e como o ultrapassaram, assim como tudo aquilo que funcionou bem e como foi feito, é essencial para formar cidadãos informados e capazes de emitir opiniões que não sejam condicionadas pelos apelos mais imediatos.
A História e a memória ajudam a criar um modelo de cidadão indesejável nos tempos que correm, porque será necessariamente, pelo menos em parte, um homem velho por ter dentro de si o conhecimento do passado.
Os novos tempos querem um homem novo, o mais vazio possível para que seja possível impregná-lo com tudo aquilo que a propaganda de hoje quer fazer como sendo os valores essenciais da modernidade tecnológica, mas que mais não é a redução de indivíduos a autómatos.
O homem velho terá sempre a capacidade de fazer comparações e, nessa operação, aperceber-se da pequenez das figuras que hoje parecem agigantar-se apenas pela sombra que projectam devido aos holofotes que lhes colocaram por trás.
O homem novo tenderá a ser crédulo e a aceitar o que lhe é dado, porque nada tem de seu e tudo recebe de forma acrítica...são estes que fazem a delícia da classe política, embora, à sua maneira, todos somos cúmplices de um silêncio que se abate sobre a nossa memória colectiva...!

Adaptado de A educação do meu umbigo (pp. 264-266), Porto Editora; Paulo Guinote


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