Mas a História,
enquanto disciplina que pretende transmitir uma memória do que nos é
ancestral, leva-nos a conhecer o que os outros experimentaram, o que
sofreram e como o ultrapassaram, assim como tudo aquilo que funcionou
bem e como foi feito, é essencial para formar cidadãos informados e capazes de emitir opiniões que não sejam condicionadas pelos apelos mais imediatos.
A
História e a memória ajudam a criar um modelo de cidadão indesejável
nos tempos que correm, porque será necessariamente, pelo menos em parte,
um homem velho por ter dentro de si o conhecimento do passado.
Os
novos tempos querem um homem novo, o mais vazio possível para que seja
possível impregná-lo com tudo aquilo que a propaganda de hoje quer fazer
como sendo os valores essenciais da modernidade tecnológica, mas que
mais não é a redução de indivíduos a autómatos.
O
homem velho terá sempre a capacidade de fazer comparações e, nessa
operação, aperceber-se da pequenez das figuras que hoje parecem
agigantar-se apenas pela sombra que projectam devido aos holofotes que
lhes colocaram por trás.
O homem novo tenderá a ser crédulo e a aceitar o que lhe é dado, porque nada tem de seu e tudo recebe de forma acrítica...são
estes que fazem a delícia da classe política, embora, à sua maneira,
todos somos cúmplices de um silêncio que se abate sobre a nossa memória
colectiva...!
Adaptado de A educação do meu umbigo (pp. 264-266), Porto Editora; Paulo Guinote
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