Os olhos vestigiais da salamandra das "trevas" são uma prova da evolução. Dado que vive nas trevas perpétuas os olhos são inúteis. Porque é que um criador divino resolveria dar-lhe olhos fingidos (residuais), mas não funcionais? Quer a salamandra das trevas quer as de "luz" são constantemente bombardeadas com mutações. A diferença consiste em que as mutações que afectam os genes dos olhos são "limpas" pela selecção natural nas salamandras de luz, levando à eliminação dos indivíduos que as sofrem (as salamandras que têm olhos têm vantagem em relação às outras). Pelo contrário, nas salamandras das trevas, estas mutações acumulam-se favorecendo a sobrevivência das salamandras sem olhos (na penumbra manter olhos funcionais é um desperdício, como tal aquelas que os têm estão em desvantagem). Os olhos residuais resultam do acumular das sucessivas mutações - a evolução não parte do zero, antes de alterações do que já existe. Se fosse possível voltar à prancheta ou existisse um arquitecto poderiam criar-se salamandras sem olhos, o que não acontece de todo. Elementar, aos olhos da evolução!
Adaptado de O espectáculo da vida, Richard Dawkins
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