segunda-feira, março 01, 2010

A escola desejável vs a escola possível

Há de facto uma grande clivagem entre aquilo que designamos como o "modelo escolar" e o "modelo juvenil". A massificação escolar levou a juventude para a escola, e consequentemente os modelos culturais juvenis para a escola. Estes fazem parte das indústrias culturais actuais, do telemóvel à internet, do gameboy ao mp3, todos estes gadgets da modernidade estão fortemente ligados à música, aos filmes, à fotografia, ou seja, a imagem e som são transportáveis para o espaço público. Há, assim, um lado lúdico, de prazer que se confronta com a visão dos adultos sobre a escola e que assenta na disciplina, na autoridade e, sobretudo, na transmissão de saberes.
Daqui resulta que este modelo juvenil tem de ser regulado, pois levado ao extremo ele traduz-se na desvalorzação absoluta dos saberes e cultura escolar. É necessário que os adolescentes compreendam que estudar implica sacrifício, mas que isso transporta uma certa grandeza. Que é necessário uma certa concentração, o que obriga a desligar os dispositivos de ligação ao outro (desligar o telemóvel ou estar concentrado durante a aula, por exemplo) e isso são regras importantíssimas porque eles vão confrontar-se com elas na universidade.
É necessário haver regras de regulação do comportamento dos alunos. Isso também faz parte da aprendizagem social. Não há nenhum jogo sem regras.
Posto isto, os professores têm de ser mobilizadores. Não há aquisição de ciência sem mobilização. Mas mobilizar não significa facilitar. Mobilizar significa apaixonar, entusiasmar os alunos pelo saber, e isso não é compatível com a inércia.
Adpatado da entrevista dada pelo Sociólogo José Manuel Resende, da Universidade Nova de Lisboa,  ao Notícias magazine, nº 927, de 28 de Fevereiro,

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