segunda-feira, dezembro 14, 2009

da Interpretação

A força metafórica da expressão de Dawkins - the selfish gene - terá sido em parte responsável por abusos de interpretação. O autor fartou-se de insistir nesse carácter metafórico da sua linguagem porque os genes não agem em consciência, não têm propósitos nem intenções.
Infelizmente a metáfora colou mais facilmente no imaginário público do que as reflexões do próprio Dawkins. Por exemplo, poucos prestaram atenção a frases como «We, alone on earth, can rebel against the tyranny of the selfish replicators» - um autêntico apelo a nós humanos transcendermos o «Darwinismo nu e cru».
Se alguma lição devemos aprender das guerras ideológicas de que aos poucos vamos saindo é a de que a força da evidência é muito poderosa e nada como aceitar a realidade como ela é. Só conhecendo bem a realidade (e aí a grande ajuda vem da Ciência) poderemos procurar transformá-la de modo a ela poder ser, ou aproximar-se, daquilo que pretendemos que ela seja.
Adaptado de Marx a Darwin, Onésimo Almeida

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